quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ciao investimentos públicos?

O aumento inexorável dos impostos vai criando raízes nos jornais, por força da débacle orçamental. Ao mesmo tempo parece que o Eng. Sócrates prepara a opinião pública para um recuo nos grandes investimentos.

Em primeiro lugar a escolha de António Mendonça para a pasta das obras públicas é aparentemente esdruxúla. O Ministério das Obras Públicas tem essencialmente uma natureza política e, nestes momentos conturbados que se vivem, seria de esperar que o ministério fosse ocupado por um peso-pesado do PS. A escolha de um economista académico desvaloriza a pasta.

Com a subtileza habitual o Prós & Contras de segunda-feira ajudou a enterrar os investimentos públicos. Em estúdio estavam João Salgueiro, Augusto Mateus, João César das Neves, António Carrapatoso e Alexandre Patrício Gouveia, proponentes do Movimento dos 28, do Compromisso Portugal ou "não-alinhados", e todos argumentaram no mesmo sentido. O decano dos economistas portugueses, Jacinto Nunes, também alinhou no diapasão geral. Os economistas do Movimento dos 52 ficaram em casa a ver televisão.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Benefícios escondidos?

Ontem folheei 50 Economics Ideas: You Really Need to Know, foi tudo muito rápido e acabei até por não perceber se gostava ou não do livro, se é ou não uma espécie de "especialista instâneo" (em versão melhorada), mas a verdade é que procurei a entrada da "vantagem comparativa". Como é evidente não li o texto, tentei apenas descobrir o sentido da coisa. A entrada tem uma citação de Paul Samuelson que diz mais ou menos que a demonstração do princípio não coloca qualquer dificuldade mas que o tema é tudo menos trivial visto que tanta gente qualificada é descrente da coisa...

Há dias o zapping levou-me a um documentário que passava no ARTE sobre o TGV nos EUA. Procurava-se perceber a prática ausência do TGV na América. Um passageiro anónimo americano dizia que era uma vergonha e que se devia seguir o exemplo francês. Um especialista americano explicava a escassez de TGV na américa: o transporte aéreo é barato e prático, e por isso o TGV é um disparate que o mercado excluíu naturalmente.

Suponhamos agora que as emissões de CO2 tornam "proibitivo" o avião, poupando o TGV. Nesse caso a planificação (uma palavra tirada do baú!) francesa foi brilhante, antecipando-se à miopia do mercado.

E se existissem elementos que tornam míope o simples jogo das vantagens comparativas?!

PS Se calhar o silêncio é o melhor comentário que posso fazer por aqui...

sábado, 26 de setembro de 2009

Silva Lopes - "tens" razão!

O mercadinho hortícola e frutícola alternativo da Praça do Príncipe Real em Lisboa é uma delícia (acontece nas manhãs de sábado). Maças pequenas e riscadinhas a €2,35, que se encontram por aí a €0,40, e outras coisas no género. Numa banca lancei a confusão: "mas estas couves-flor são transgénicas!" A senhora tranquilizou toda a gente explicando que eram apenas uma variedade respeitável daquele legume. Noutra banca o aroma do manjericão impunha-se. Procurei e não o encontrei. Perguntei a um dos vendedores por onde andava o manjericão e ele apontou-me uma caixa no chão cheia de folhagem. Pus-me à conversa com ele. As folhas eram enormes, tratava-se da terceira folhagem que os "basílicos" dão, porque as flores são diligentemente podadas para impedir que as plantas fiquem a preguiçar, crescem numa estufa de plástico (o mundo não é perfeito), com a humidade controlada. O tipo é de Viseu, comprou um terreno na ilha de S. Miguel para produzir ervas aromáticas e pretende arranjar uma rede de agricultores açoreanos de bananas biológicas que ele se encarregará de escoar. Falámos nas grandes superfícies que têm maçãs da Nova-Zelândia. Ele explica que os produtores recebem subsídios para cobrar preços baixíssimos na exportação (dumping...). "Como os espanhóis que podem cobrar 5 cêntimos pela batatas porque depois recebem dinheiro do governo. Cá prefere-se subsidiar pessoas que não trabalham, em vez de apoiar os produtores". José Silva Lopes tem pedido subsídios para os exportadores... "Estou a ver que vai votar PP!" Ele retorquiu que não.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Delírio... constitucional

Se cada um dos partidos ou coligações eleitorais com acento (ou assento) parlamentar - BE, CDU, PS, PSD e CDS-PP - obtivesse 20% dos mandatos parlamentares o que é que aconteceria?!

sábado, 19 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O negócio bancário...

... ainda é pior quando os bancos inovam!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Férias!


sábado, 25 de julho de 2009

Abel Mateus: a inquietação do real

O Jornal de Negócios publicou anteontem uma extensa entrevista (5 páginas) de Abel Mateus, professor universitário (FE da UNL, University College e NYU) e ex-presidente da Autoridade da Concorrência de 2003 a 2008. A entrevista foi concedida ao director do jornal Pedro Guerreiro e à directora-adjunta Helena Garrido. Em síntese temos os seguintes aspectos mais importantes:
- O cenário macroeconómico é particularmente difícil. O PIB cai este ano 3,5% ou 4%, o desemprego roça os 10% da população activa, o défice externo está entre os 8 e os 9 por cento, o endividamento externo atinge os 110% do PIB e o défice estrutural do sector público é cerca de 5% (Abel Mateus atribui a fonte destes dados à Comissão Europeia). O economista estima que os grandes investimentos atirariam o endividamento externo para 240% em 2020. O momento actual é mais difícil que em 1974 ou em 1982. No meio das desgraças o turismo é uma benção: "(...)entre 2000 e 2007 cresceu 47% em termos reais" É preciso apostar no turismo: "Temos de investir aí, na recuperação dos centros urbanos, dos monumentos, nos serviços sociais nas regiões onde há turistas. Isso é que aumenta o PIB potencial, aí é que temos de aplicar recursos de modo eficiente: economia produtiva, empresas privadas";
- A desorçamentação esconde dificuldades. "Lembro-me de quando a Drª. Manuela Ferreira Leite foi ministra das Finanças, a certa altura estava com uma dor de cabeça que era ter 700 milhões de euros para desembolsar todos os anos com o pagamento das SCUT e o dinheiro não lhe entrava". O Governo "manteve um elevado peso do sector público, com custos acrescidos para o sector privado e desvio de fundos para o sector público";
- A conjuntura difícil pode conhecer um hard landing. O "default" do Estado ou uma "grave crise financeira do sistema bancário" podem acontecer. Não se pode descartar um cenário tipo Islândia;
- A exuberância demagógica dos governos agrava os problemas. À desorçamentação (empresas públicas na saúde e nos transportes, parcerias público-privadas, cartas de conforto(?)), soma-se a fraca rentabilidade dos investimentos (exemplo dado: SCUT). Os governos apoiaram o crescimento do sector imobiliário (que alimentou o endividamento externo); em alternativa o governo poderia ter "(...) controlado a expansão do crédito, estabelecendo, por exemplo, um limite máximo do empréstimo em percentagem do valor do imóvel. (Refira-se a propósito que o governo Durão Barroso tomou a medida cíclica de permitir o aumento do prazo dos empréstimos para compra de habitação...).;
- A reforma da justiça é a primeira prioridade. Esta reforma é a mais importante que deve ser realizada. "É preciso mudar o sistema e ainda não houve uma alteração suficiente profunda. Como por exemplo retirar todos os processos de pequenas dívidas dos tribunais. Não se pode ter milhares de processos na Relação de dívidas de telemóveis!". Grassa o ambiente de impunidade. "Um caso específico: quando estava na administração do Banco de Portugal, pertenci a um conselho que encerrou um banco, a Caixa Económica Açoreana. Os processos foram entregues ao Ministério Público e, que eu saiba, nada resultou. Apesar de haver muita evidência de ter havido desvios de fundos. Isto preocupa-me muito." Na área financeiro-monetária a moeda única exige um supervisor único: "A solução que está em cima da mesa [Relatório Larosière] não é suficiente nem eficiente para prevenir uma crise financeira".

Curiosidades e notas críticas:
- O paralelismo com a Islândia aterrou na entrevista através dos lábios dos jornalistas (pergunta: "E a longo prazo? Portugal pode ser uma Islândia?", resposta: "Em 2020, se não tivermos cuidado, pode. A Islândia tinha rácios de endividamento externo claramente inferiores aos que podem ser os nossos. (Embora a Islândia tivesse o problema dos maus investimentos dos bancos no exterior.)". Luís Campos e Cunha criticou ontem este paralelismo na crónica semanal no jornal Público, visto que a Islândia tem moeda própria e não o guarda-chuva da moeda única. Acho que a crítica de Campos e Cunha é infundada e contradiz o próprio artigo que escreveu. Com efeito, com moeda única ou sem moeda única, o aumento do endividamento externo significa que uma parte crescente da riqueza produzida em Portugal desaparece para os bolsos dos investidores estrangeiros sob a forma de juros. Ora isso gera as dificuldades que Abel Mateus ou Campos e Cunha descrevem;
- Na entrevista surge pouca reflexão sobre a Autoridade da Concorrência, embora seja natural uma atitude de reserva por parte de Abel Mateus;
- "No dia em que formos capazes de prever as bolhas, elas desaparecem." A incerteza é própria da economia e a bolsa reflete isso: as bolhas nunca desaparecerão...
- Abel Mateus "ouve muito" Krugman e admira Robert Lucas, "(...) mas não evidentemente nas teorias tradicionais das expectativas racionais e quando dizia que a autoridade monetária não devia fazer nada. É um brilhante economista, mas já passou. Há agora economistas novos muito bons." Poderia ter citado dois ou três economistas "novos muito bons"...

terça-feira, 21 de julho de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Soluções da crise financeira

Martin Wolf na sua crónica no Financial Times admira-se das crises financeiras não serem mais frequentes, ao mesmo tempo que observa que a actual crise se deverá repetir no futuro próximo... É difícil resistir ao moral hazard quando se é gestor de um banco: os proveitos potenciais de grandes riscos são imensos, ao mesmo tempo que o Estado socorre as instituições nos cenários mais desfavoráveis que possam ocorrer. No artigo Martin Wolf argumenta a favor do aumento do capital dos bancos, sobretudo dos bancos cuja dimensão possa gerar riscos sistemicos em caso de falência; é fundamental reduzir a alavancagem desses bancos.

André Orléan, num trabalho publicado pelo CEPREMAP, De l'Euphorie à la Panique: Penser la crise financière sugere outra solução: redução da interligação dos mercados de capitais pelo mundo fora, para diminuir os riscos de propagação das crises. (O link para o trabalho de Orléan foi encontrado no Blogizmo.)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Poupança ex ante ou ex post?

O suplemento de Economia do jornal El País publicou ontem um artigo do NYT de Paul Krugman, em que o economista procura as raízes mais profundas da crise financeira. Paul Krugman atribui a responsabilidade mais mediata da crise à Administração Reagan, com a liberalização financeira. A liberalização financeira diminuíu a propensão à poupança das famílias americanas, que passaram a confiar mais no endividamento para financiarem o seu consumo.

Na revista domingueira do El País o escritor Javier Marías dedica a sua crónica semanal a comentar a aflição dos compatriotas, sobreendividados, que, desempregados, têm de continuar a pagar as prestações do carro ou da casa. Os bancos poderiam fazer muita pressão para a pessoa se endividar, mas não obrigavam ninguém a fazê-lo, observa algures.

No manual de economia monetária de Bruce e Freeman Modeling monetary economies, um capítulo analisa as vantagens da economia de troca indirecta, relativamente à troca directa e mostra a vantagem da economia de troca indirecta se basear numa moeda fiduciária, em vez da moeda se basear no ouro ou na prata.

O argumento lógico a favor da moeda fiduciária é o da libertação do ouro monetário para uma utilização real (digamos assim). Verifica-se então um ganho de bem-estar. (O modelo das gerações sobrepostas, acrescido do comportamento optimizador dos agentes económicos omnipresente no Manual citado deixa pouco espaço para a política monetária ou orçamental.)

O argumento a favor da moeda fiduciária é portanto lógico, mas o que diriam dele os austríacos ou os alemães durante as hiperinflações que sofreram?!

A poupança ex post keynesiana fará todo o sentido numa economia que não é de Robinson Crusoe, mas, quando os desequilíbrios estalam, Javier Marías pode escrever uma crónica sobre as desventuras dos "enganados" pelos bancos.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

As eleições estão no ar...

Em Outubro de 2008, existiam menos 51.486 funcionários que em 2005. A meta era de 75 mil.

O Estado já "não precisa de reduzir mais" o número de funcionários públicos, afirmou ontem o secretário de Estado da Administração Pública, avançando que a meta para a legislatura de diminuir em 75 mil o universo de trabalhadores decorria da situação "verificada em 2005".

"Portugal não precisa de reduzir mais funcionários públicos. Precisa é, quando quer que entrem mais funcionários públicos, dispor de mecanismos para entrar, e quando acha que não precisa, que existam mecanismos para que não entrem", afirmou o secretário de Estado durante a XI Conferência Ibero-Americana dos Ministros da Administração Pública e da Reforma do Estado, citado pela Lusa.

De acordo com os dados apresentados na conferência, em Outubro de 2008 o Estado tinha 696.394 trabalhadores, menos 51.486 do que em 2005. Um número que fica aquém dos objectivos iniciais do Governo que previa reduzir em 75 mil o número de funcionários públicos. Ainda assim, Castilho dos Santos acrescentou que o objectivo, presente no Programa do Governo, "era uma meta decorrente da situação verificada em 2005".

"Não estamos obcecados com o número de funcionários públicos", disse o governante, salientando que "o que é para manter é a política de reforma no sentido de haver instrumentos de gestão na administração pública que façam ligar as necessidades dos serviços, as necessidades do país, às disponibilidades orçamentais". Por isso, a regra de uma entrada por cada duas saídas é para manter, sublinhou.

"Temos orgulho em ter centenas de milhares de funcionários públicos, não queremos privatizar a administração", disse o governante durante a exposição.


C.O.S., "Governo dá por terminada a redução de funcionários públicos", Diário Económico, 26 de Junho de 2009, p. 56.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Produtos financeiros pós BPP e BPN?

Não há uma contradição nas 3 afirmações assinaladas no anúncio? Poderemos especificar valores (positivos) para a TANB e ao mesmo tempo admitir que ela pode ser negativa?

sexta-feira, 12 de junho de 2009

sábado, 30 de maio de 2009

Delírios económicos

Lebre in, gato out?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ambivalências

O Telejornal da SIC ontem ao serão fez uma reportagem na fábrica da Nova Delta, em Campo Maior. Passava das 21h00, a fábrica parecia laborar a todo o vapor, como se fossem 15h00. Uma jornalista passeia por entre as operárias. Elas fazem qualquer coisa com as embalagens que recolhem num tapete. As operárias são interrogadas se têm receio de perder o trabalho. Invariavelmente respondem que não. O barulho, abafado pela almofadinha do microfone, parece imenso. As mulheres trabalham sem protecção nos ouvidos. A pivot diz que aquele trabalho poderia ser feito por máquinas. Sente-se que ela tem apreço pela opção tecnológica, ao mesmo tempo que deixa transparecer alguma dúvida. A empresa tem aumentado o número de trabalhadores.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Anti-fogo

No início da Legislatura Sócrates, Miguel Frasquilho, Economista e Deputado do PSD, sugeria um choque fiscal para combater o défice público. O choque consistia numa redução da carga fiscal. A medida parecia contraditória. Poderia basear-se na supply side economics, mas não. A ideia tem talvez um vago paralelismo numa técnica de combate a um incêndio florestal: provocando um pequeno fogo, em determinadas circunstâncias, consegue-se o domínio do incêndio que devasta uma área. Com o "fogo" da redução da carga fiscal, o objectivo era obrigar o Estado a moderar a despesa pública. Volvidos estes 4 anos do Governo Socialista, Miguel Frasquilho afastou o choque fiscal, propondo uma redução imediata da despesa pública. É "imperioso" "(...)cortar nas despesas de funcionamento (na chamada “máquina” do Estado) e em ser muito, muito criteriosos e muito, muito rigorosos nas despesas de investimento público – quer nas que são pagas agora, quer nas que acarretam encargos futuros. Criteriosos e rigorosos como, se calhar, até hoje pouco se viu em Portugal…".

sábado, 16 de maio de 2009

Percebi bem?

Torremolinos é uma espécie de Quarteira e Marbella é tipo Albufeira?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

As chinesinhas de Sacavém

Em Março passado o número de inscritos nos centros de emprego estava acima dos 480 mil. Em 1975 rondaria os 250 mil.
Entre os desempregados de 75, figuravam ainda muitos dos trabalhadores da Applied Magnetics, uma multinacional norte-americana que em Sacavém, mais concretamente no Prior Velho, tinha produzido peças para computadores e outro material electrónico e que inaugurou por cá, antes de ser moda, o tempo das deslocalizações.
"Já não podiam explorar como queriam", comenta Adélia, que trabalhou ali quase dois anos. Turnos de sete horas seguidas, por vezes dois de uma assentada, a soldar fios eléctricos em pequenas cápsulas de plástico, tudo tão pequeno que obrigava ao uso permanente de microscópios, alinhados em grandes bancadas brancas e Adélia e outras dezenas de mulheres agarradas a eles. "Tínhamos sempre o encarregado atrás, nem a cabeça podíamos levantar."
Quando o 25 de Abril chegou, mais de metade da população empregada em Portugal ganhava, por mês, entre 1500 e 3500 escudos (7,5 a 17,5 euros). Com a revolução ainda na rua, anúncios nos jornais pediam paquetes, com "idade entre 14 e 17 anos" e "escolaridade obrigatória". "Vencimento inicial de 1495 escudos" (cerca de 7,5 euros) por mês. No Estado, por exemplo, aumentava-se um director da Direcção-Geral de Fiscalização Económica para 17.200 escudos (86 euros) e um adjunto técnico de 2.ª classe do mesmo departamento para um pouco menos de metade.
Na Applied Magnetics, o pagamento médio andava pelos dois mil escudos. Não por muito mais tempo. Em Maio de 1974, era fixado o primeiro Salário Mínimo Nacional: 3300 escudos, aumentado um ano depois para quatro mil.


Clara Viana e Paulo Ferreira, "1975: o ano da outra crise", jornal Público, 10 de Maio de 2009, Caderno P2, pp.4-7.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

sábado, 2 de maio de 2009

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Convergência real: see you

Segundo o FMI a Zona Euro deverá estar a crescer 2,3% em 2014, ao passo que Portugal regista um crescimento de 1,5%.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Fuga em frente?...

Em Dezembro de 2007, no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) 2007-2011, o Governo ainda previa um crescimento do PIB na ordem dos 2,2% para 2008 e uma recuperação do crescimento para 2,8% em 2009. Em 2008, afinal de contas, tivemos uma estagnação da actividade económica e no corrente ano de 2009 enfrentamos a maior recessão desde 1975 (o FMI prevê uma quebra do PIB na ordem dos 4,1%). Para além do proverbial falhanço das previsões dos economistas, acho que importa salientar um aspecto nos dois quadros reproduzidos.

Os vários PEC do Eng. Sócrates têm subjacente (parece!) uma taxa de crescimento "normal" do PIB de 3%. Digamos que quando a economia não enfrenta dificuldades conjunturais, admite-se que a taxa de crescimento cristaliza nesse valor. Pelo contrário, o documento da Primavera do FMI parece cristalizar a taxa de crescimento do PIB em apenas 1,5%.

A eventual quebra do crescimento potencial, e as dificuldades acrescidas que deverão surgir no financiamento externo da economia portuguesa, são um novo enquadramento que condiciona os grandes investimentos em carteira - TGV, novo aeroporto de Lisboa, 3ª ponte do rio Tejo junto a Lisboa.

A pressão do Governo em fechar decisões e estabelecer contratos surge como uma fuga em frente, antes do novo enquadramento macroeconómico começar a fazer-se sentir.

2009: recessão inverosímel?

Nos primeiros Programas de Estabilidade e Crescimento do Eng. Sócrates a economia portuguesa deveria crescer em 2009 à taxa de 3%, sendo as Exportações de bens e serviços (salvo o erro!) a parcela mais dinâmica da procura agregada. Depois, com os ventos menos favoráveis, o Governo pôs a responsabilidade do protagonismo no Investimento. Isto parecia esdrúxulo, na medida em que o investimento público tem encolhido e o privado é tudo menos controlado pelo Estado. Na previsão da Primavera do BdP, finalmente, aquelas duas parcelas da procura agregada aparecem com reduções em 2009 na ordem dos 14%. O PIB deverá diminuir 3,5%, o que é a pior recessão desde 1975. O FMI na semana passada previu uma redução do PIB português de 4,1%.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dúvida económica

O "paralelismo de comportamentos" que Manuel Sebastião da Autoridade da Concorrência encontrou no mercado de combustíveis líquidos é uma espécie de cartel informal? Num duopólio com simetria de condições produtivas e que enfrenta uma dada curva da procura, existem dois "paralelismos" de comportamento: a solução competitiva de Bertrand e a cartelização. Onde se encontra a indústria com o seu "paralelismo de comportamentos"?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Desemprego natural...


O comportamento do desemprego espanhol nas últimas 3 décadas sugere que a taxa de natural de desemprego ronda naquele país os 15% (incluindo nesse valor os desempregos "clássico" e "estrutural"). Durante as décadas de 80 e 90 do século passado o desemprego esteve praticamente sempre acima dos 15%, e apenas durante os anos mais recentes o desemprego se apresentou abaixo desse limiar. Mas os primeiros anos do século XXI coincidem com os anos favoráveis próximos da adopção do Euro (e subsequente baixa das taxas de juro) e da bolha do imobiliário, que favoreceram a actividade económica. Níveis altos de desemprego e o envelhecimento da população colocam pressões (insustentáveis?) sobre a segurança social pública.

terça-feira, 14 de abril de 2009

terça-feira, 7 de abril de 2009

O desemprego nos EUA

Com o desemprego nos 8,5% é notório um efeito escalada no gráfico deste post, com este flagelo social a atingir os valores do início dos anos 80.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Citação oportuna?

No dia em que começa a cimeira do G20 o Diário de Notícias encima a sua edição com a seguinte citação de Bertrand Russel: A minha triste convicção é que os homens só se põem de acordo em assuntos que não lhes interessa verdadeiramente .

segunda-feira, 30 de março de 2009

Despesismo, défice, dívida... e depois?

(...)
Países com taxas de crescimento semelhantes às europeias podem suportar dívidas de 60% do PIB quando as taxas de juro estão baixas. Mas, como em muitos países a dívida está a atingir 80 e 90% do PIB, e as taxas de juro baixas são um fenómeno temporário, está a criar-se um problema. Muitos dos países que estão a usar quantidades maciças de dívida para socorrer os seus bancos têm perspectivas de crescimento moderadas no médio prazo, levantando questões de solvência e sustentabilidade.

A Itália, que por exemplo já tem um divida que excede 100% do PIB, tem conseguido, até agora, gerir esta questão devido à queda global das taxas de juro. Mas à medida que a dívida aumenta, e as taxas de juros sobem, os investidores vão começar a ter razões para ficarem nervosos com o risco de reestruturação da dívida. Outros países, como a Irlanda, o Reino Unido e os Estados Unidos tinham uma situação orçamental inicial muito mais forte, mas, quando a crise passar, é possível que não estejam muito melhor.

As taxas de câmbio são outro elemento imprevisível. Os bancos centrais asiáticos continuam nervosos em relação ao dólar. Mas com os Estados Unidos a imprimirem dívida e dinheiro a grande velocidade, o euro deverá apreciar face ao dólar durante os próximos dois a três anos, caso continue a existir.

À medida que a dívida aumenta e a recessão persiste, vamos ver, seguramente, vários governos a tentarem reduzir a sua carga através de repressão financeira, inflação mais elevada, pagamentos parciais, ou uma combinação destes três elementos. Infelizmente, a fase final desta grande depressão não vai ser nada agradável.


Kenneth Rogoff, "Qual é a fase final do défice?", Jornal de Negócios, 30 de Março de 2009, p.37, disponível aqui.

domingo, 29 de março de 2009

quarta-feira, 18 de março de 2009

Delírios económicos

A ERSE vai propor uma redução do preço da electricidade tendo em conta os lucros-recorde da EDP.

terça-feira, 17 de março de 2009

Altura de comprar?

O Presidente Obama observou que actualmente pode ser um bom momento para investir. Com o PSI20 abaixo dos 6000 pontos e a menos de metade do valor de Agosto de 2007, parece que o mercado é atractivo...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Krugman on the Spanish economy

(...) España es como California o Florida. Las dos han vivido un boom de la construcción, han recibido grandes flujos de capital extranjero y, cuando ha estallado la burbuja inmobiliaria, la situación se ha vuelto muy difícil. Ahora tienen problemas de ajuste similares: el déficit es preocupante y la rebaja del rating ha sido inevitable, aunque peor para California.
P. ¿Y qué se debería hacer?
R. Va a ser duro. Lo que realmente asusta de la situación española es que no está nada claro cuál es la estrategia de ajuste por su pertenencia a la UE. Todo lo que puede hacer es mitigar los efectos de la crisis. Si España no fuera parte del euro, la devaluación ayudaría, pero esa opción ya no existe; la política fiscal es muy limitada para los países de la UE; también es limitada la capacidad de actuar sobre el sistema financiero aunque los bancos españoles han demostrado estar relativamente en buena forma; se pueden adoptar medidas para limitar el impacto de la crisis sobre los parados. Pero en buena medida a España sólo le queda esperar a que se produzca una recuperación europea.


Entrevista de Paul Krugman a A. González/ M. Á Noceda, "Obama es demasiado prudente", jornal El País, 15 de Março de 2009, pp.24 e 25, disponível aqui.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Surpresa

Jean Pisani-Ferry assina um artigo no suplemento de Economia do jornal Le Monde de 3ª feira. Jean Pisani-Ferry é director do centro Bruegel, de investigação e de debate sobre as políticas económicas na Europa. O artigo intitula-se Pour un nouveau pacte de stabilité. Parágrafo atrás de parágrafo chora-se a diferença entre o plano despesista americano de relançamento da economia e a parcimónia dos esforços fracamente coordenados europeus. Só no último parágrafo lemos alguma coisa sobre a reforma do PEC: Si les Européens étaient sérieux, ils s'entendraient sans tarder sur une refonte du pacte de stabilité qui, à la fois, leur donne plus de marges de manoeuvre à court terme et encadre sérieusement l'évolution à moyen terme de leur dette publique. Ce n'est malheureusement pas le plus probable. C'est donc à chaque pays qu'il appartient de se fixer des principes de discipline budgétaire et de créer des institutions et des dispositifs qui garantissent sa capacité à les respecter. Plus vite ce sera fait, plus grande sera la capacité de faire face à une situation économique qui ne cesse de se dégrader. Que vazio!

Brutalmente acho o seguinte. O Euro impede os ajustamentos pela depreciação das moedas nacionais (que desapareceram), e o PEC impõe a disciplina orçamental que é compatível com a proibição da monetarização dos défices e da dívida pública (o suave default da inflação). Neste mundo de mãos atadas safa-se a Alemanha que é o maior exportador mundial (à frente da China portanto), alguns países bem geridos, e todos os outros ficam condenados a perderem activos, isto é, ao empobrecimento. Os países do Mediterrâneo - Grécia, Itália, Espanha e Portugal - vão na linha da frente das desgraças. Com uma moeda forte no bolso mas cada vez mais pobrezinhos. Espertos foram os ingleses.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Delírios económicos

É vantajoso que a CGD se mantenha como banco público. Assim, nas crises financeiras, sempre é menos um banco que é necessário nacionalizar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

terça-feira, 3 de março de 2009

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Delírios económicos

Se o preço do petróleo tivesse permanecido nos níveis estratosféricos do ano passado, não existiriam riscos de deflação.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

sábado, 31 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

BPN, BPP...

Os casos BPN e BPP parecem ser, simplesmente, casos de polícia. A regulação bancária, como já disse Jacinto Nunes, era (é?) feita ao almoço, onde informalmente se vão conseguindo comportamentos consentâneos com os bons costumes. De qualquer forma não deve ser fácil detectar verdadeiros descarrilamentos, e se calhar falta vontade ou agilidade para agir. Por exemplo a D. Branca foi durante anos e anos uma instituição de crédito tolerada, embora não respeitasse a legislação do sector. Verdadeiramente o que me impressiona é a junção dos nomes BPN e BPP, ficando qualquer coisa como Negócios Privados Portugueses...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Moedas regionais

O Le Monde de hoje trás uma referência ao livro dos economistas Bernard Lietaer e Margaret Kennedy sobre o interesse das moedas regionais, que, coexistindo com as moedas nacionais, ajudam a vencer a crise. Numa entrevista parcialmente disponível no site Cdurable Bernard Lietaer afirma: Quand on parle de développement régional avec une monnaie centralisée, il y a une contradiction systémique. Une monnaie centrale a comme effet de concentrer les décisions et les ressources. Le cas français est assez clair. Paris est devenu incontournable. Une monnaie régionale couvre un territoire géographique donné, auquel les gens ­s’identifient. Aussi, ces derniers sont disposés à faire des efforts pour le développement de cette région. Sur le plan social, la monnaie régionale permet une cohésion locale renforcée. Sur le plan commercial, les entreprises locales utilisent la monnaie régionale comme outil de fidélisation, ce qui leur permet de mieux ­survivre aux assauts des grandes chaînes commerciales. Les monnaies régionales de type crédit mutuel sont créées par les gens ou les entreprises lors de l’échange : le vendeur reçoit un crédit, l’acheteur le débit correspondant. Dès qu’il y a accord pour faire un échange, cette monnaie est donc par définition disponible en quantité suffisante. Au contraire des euros, que ­l’acheteur doit obtenir de sa banque. Si la banque ne veut pas ou ne peut pas fournir le crédit, tout s’arrête.

A moeda regional, na explicação do economista belga Lietaer, faz pensar no Banco de Tempo. A verdade é que aquele banco pode permitir transacções que, sem ele, não ocorreriam - e nesse caso o banco aumenta a criação de riqueza.