quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Duas questões em aberto

Dia sim dia não o governo aumenta impostos, na ânsia de fugir a um destino grego. Se acreditarmos nos argumentos keynesianos (ao menos para o curto prazo!), podemos regozijar-nos da dificuldade prática em cortar a despesa, na medida em que cortes da despesa são conjunturalmente mais contraccionistas do que os aumentos de impostos. Os "projectos estruturantes" foram arrumados na gaveta.

Há duas questões infelizmentes pendentes sobre os nossos destinos mais imediatos:
a) Será possível fugir a um default da nossa dívida soberana? O nível da dívida, as taxas de juro, a contracção da economia (ou o crescimento anémico), a competitividade da economia, permitem, ainda assim, fugir ao incumprimento e preservar o Euro? Como escrevia Luís Campos e Cunha há umas semanas no Público, sair do Euro é recuar 30 anos. Mas será que isso não está já feito e que resta inexoravelmente pagar o respectivo preço?
b) Poderemos "prescindir" de uma moeda macaca? Ou seja, será que a adopção do Euro exige-nos um período de ajustamento duradouro, tipo 1999-2015 ou 1999-2020, com um primeira fase de euforia e endividamento, seguindo-se um progressive landing construtivo, de aproximação ao virtuosismo alemão? João César Neves era citado há dias no jornal i dizendo que a UE já percebeu que tem de estar de olho na gente. Ou seja, a pressão externa já está em marcha para nos pôr duradouramente no bom caminho?

Independentemente de ser sustentável a permanência no Euro, será eficiente fazê-lo? João Ferreira do Amaral defende desde sempre que não. E no fundo acho que era preciso que nós fossemos alemães para a moeda única ser uma escolha eficiente.

domingo, 9 de outubro de 2011

Vermelho

terça-feira, 20 de setembro de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

Falhanço dos mercados

Os valores baixos das taxas de juro gregas - ainda há poucos meses - parece-me um argumento pouco abonatório da eficiência dos mercados financeiros.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Era demasiado abstracto...

As intervenções do FMI em 1977 e 1983 foram necessárias para enfrentar o défice externo, com a penúria de dólares a impedir a execução de pagamentos internacionais. O défice externo deixou de ser um problema premente no pós adesão à CEE em 1986. Primeiramente o investimento externo em Portugal e os fundos de coesão colmatavam o défice das contas correntes; a partir de 1999 a adopção do Euro fez desaparecer a restrição externa, visto que o Euro é emitido pelo BCE e moeda internacional. O combate do défice externo português deixou aparentemente de ser premente - e foi substituído pela restrição das finanças públicas prevista nos critérios de convergência do tratado de Maastricht: o défice anual público não pode exceder 3% do PIB e a dívida pública não pode exceder os 60% do Produto Interno Bruto. Eram restrições demasiado abstractas! Estes limites sempre foram encarados como realidades esdrúxulas, impostas arbitrariamente por "Bruxelas". No entanto o défice anual de 3% poderia ser excessivo para estabilizar o rácio da dívida pública relativamente ao PIB.

A explosão da dívida pública dos últimos anos - estilhaçando a credibilidade do Estado português - colocou-nos novamente num terreno onde imperam as dificuldades e a ausência de liberdade de manobra, como enfrentámos antes da adesão à CEE. "Conseguimos!"

Na década 1999-2009 usámos e abusamos da credibilidade associada ao Euro; a pertença ao clube dos ricos e a promessa da tying hands do Pacto de Estabilidade e Crescimento ("O PEC foi adoptado para evitar que políticas fiscais irresponsáveis tivessem efeitos nocivos sobre o crescimento e a estabilidade macroeconómica dos países da União Europeia, em particular aqueles que adoptaram o Euro como sua moeda" in Wikipedia), foram utilizadas para nos encharcarmos de dívida pública e privada. Não admira que os "mercados" nos tenham tirado o tapete.

Está aberta a época das medidas draconianas para conter os problemas financeiros e fala-se de um governo de salvação nacional PS-PSD-PP: deve ser a solução de governo mais parecida com o salazarismo a que poderemos democraticamente aspirar.

domingo, 27 de março de 2011

O TGV de Sócrates

(...) Como é que podemos pagar juros a 7,5% durante um ano ou dois? Não é possível. É um compromisso para o futuro que nos desgraça completamente. Amanhã temos de pedir emprestado, não é para comer, é para pagar juros.

Jacinto Nunes, "Amanhã temos de pedir emprestado: não é para comer, é para pagar juros", entrevista a Anabela Mota Ribeiro, Jornal de Negócios, 18 de Março de 2011, p. 9.