Surpresa
Jean Pisani-Ferry assina um artigo no suplemento de Economia do jornal Le Monde de 3ª feira. Jean Pisani-Ferry é director do centro Bruegel, de investigação e de debate sobre as políticas económicas na Europa. O artigo intitula-se Pour un nouveau pacte de stabilité. Parágrafo atrás de parágrafo chora-se a diferença entre o plano despesista americano de relançamento da economia e a parcimónia dos esforços fracamente coordenados europeus. Só no último parágrafo lemos alguma coisa sobre a reforma do PEC: Si les Européens étaient sérieux, ils s'entendraient sans tarder sur une refonte du pacte de stabilité qui, à la fois, leur donne plus de marges de manoeuvre à court terme et encadre sérieusement l'évolution à moyen terme de leur dette publique. Ce n'est malheureusement pas le plus probable. C'est donc à chaque pays qu'il appartient de se fixer des principes de discipline budgétaire et de créer des institutions et des dispositifs qui garantissent sa capacité à les respecter. Plus vite ce sera fait, plus grande sera la capacité de faire face à une situation économique qui ne cesse de se dégrader. Que vazio!
Brutalmente acho o seguinte. O Euro impede os ajustamentos pela depreciação das moedas nacionais (que desapareceram), e o PEC impõe a disciplina orçamental que é compatível com a proibição da monetarização dos défices e da dívida pública (o suave default da inflação). Neste mundo de mãos atadas safa-se a Alemanha que é o maior exportador mundial (à frente da China portanto), alguns países bem geridos, e todos os outros ficam condenados a perderem activos, isto é, ao empobrecimento. Os países do Mediterrâneo - Grécia, Itália, Espanha e Portugal - vão na linha da frente das desgraças. Com uma moeda forte no bolso mas cada vez mais pobrezinhos. Espertos foram os ingleses.
4 comentários:
Estando em África deu para perceber isso, já por causa do Euro não exportamos mais para estes mercados. Quando o importador vai pagar a factura, em Dólares obviamente, até se assusta...
Boa análise. E se me permite, a contracção actual da economia alemã, num cenário de deflação generalizada (como se prova aqui http://tinyurl.com/d5sh38) ainda vai encostar mais a Espanha e a Irlanda à parede.
O post do Krugman de ontem (dia 14) sobre Espanha reflecte isso mesmo.
Uma sugestão de análise para o que se passou no último Sábado com os G20:http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/03/os-ganhos-das-economias-emergentes.html
Abraço,
Carçps
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