segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Ouvido no Metro

Lisboa transformou-se numa Albufeira.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A magnitude do "haircut" de Francisco Louçã

O programa de reestruturação da dívida pública de Ricardo Cabral, Francisco Louçã, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos tem subjacente um generoso perdão de dívida pública, embora isso não seja admitido pelos seus autores. (Lê-se na Net «"Este programa não solicita um perdão da dívida, antes leva a uma negociação com os credores defendendo os interesses de um Estado que recupera a sua soberania", defendem os autores. No fundo não se trata de um haircut, mas sim "uma combinação de um adiamento da amortização da dívida com uma redução mais substancial dos juros"».) Os autores definem as seguintes condições para o haircut acobertado: um ano de carência (2015), redução da taxa de juro para 1% e amortização da dívida em 10 tranches anuais, a decorrer entre 2045 e 2054. A tabela seguinte considera várias possibilidades para o perdão implícito:

Admitindo que a nossa taxa de financiamento anda pelos 3,5% isso significa um perdão de 50% da dívida. É fabuloso! Claro que as consequências seriam muito complexas: perdas nos balanços dos bancos, nos fundos de investimento e de pensões, na reputação. No projeto dos quatro economistas há um vago revivalismo das engenharias financeiras das PPR: é a reincidência do período de carência. Sabe sempre bem um período de carência; no caso das PPR ele antecedia a avalanche das faturas dispendiosas, neste caso precede o serviço da dívida pública suavizado pelo "soberano". Agora é muito melhor... Desconfio que esta versão gradualista e eufemística de perdão da dívida é pior do que o haircut em versão cold turkey e isso reflete-se no prémio de risco nos mercados.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A verdadeira questão

A plataforma de cursos online edX lançou há dias um curso de inferência estatística. Esta formação corresponde a uma parte do programa da disciplina de introdução à estatística da universidade da Califórnia, Berkeley, visto que a disciplina tem 3 partes: estatística descritiva, probabilidades e inferência. Comparei o Syllabus do curso com um pequeno manual de Robert B. Ash: Statistical Inference: A Concise Course. O livro é muito mais complexo, abstracto, do que o curso online. Os primeiros oito capítulos revêem a teoria das probabilidades a um nível que muito excede o da licenciatura em Economia; só depois é discutida a inferência estatística. Mas também me pareceu que o curso online toca temas que não são abordados por Ash. Qual é o nível óptimo de abstração? Uma abordagem geral é mais esclarecedora, e sedutora, desde que não caiamos num mar de palavras sem nexo...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

domingo, 18 de março de 2012

Mobilidade

Anteontem acompanhei os meus alunos do 12º ano à Futurália, um certame anual de promoção das universidades, politécnicos e de outras oportunidades de ensino e carreira. Os meus alunos já lá tinham estado em 2011 e observaram que este ano havia muito menos universidades estrangeiras representadas. Estreei-me no evento Futurália e apenas encontrei um stand com a apresentação de apoios disponíveis para estudar em Inglaterra. Lembrei-me da observação dos alunos quando li ontem a crónica de Pacheco Pereira no Público, onde refere que uma das consequências do esvaziamento finaceiro da classe média é a redução da sua mobilidade social.

sexta-feira, 9 de março de 2012

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

I don't believe I've ever worn so much hardware in my life!

Paul Krugman esteve esta semana em Portugal e foi homenageado com o doutoramento honoris causa das três universidades públicas lisboetas. Nas suas declarações Krugman estipulou em 75% a probabilidade lusa de manter o Euro. Esta probabilidade é curiosa. A entropia seria máxima se os dois cenários (manutenção ou não manutenção) fossem equiprováveis, com 50% para cada caso; claro está a entropia desapareceria se o cenário da manutenção tivesse a probabilidade de 100%. Assim a probabilidade intermédia dos 75% corresponde vagamente à eliminação de metade da incerteza associada à nossa permanência na Zona Euro.

PS - Se medirmos a entropia pelo índice de Shannon, aquela nem diminui em 20% quando especificamos a probabilidade de 75% de manutenção na Zona Euro, face ao cenário de incerteza máxima...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Duas questões em aberto

Dia sim dia não o governo aumenta impostos, na ânsia de fugir a um destino grego. Se acreditarmos nos argumentos keynesianos (ao menos para o curto prazo!), podemos regozijar-nos da dificuldade prática em cortar a despesa, na medida em que cortes da despesa são conjunturalmente mais contraccionistas do que os aumentos de impostos. Os "projectos estruturantes" foram arrumados na gaveta.

Há duas questões infelizmentes pendentes sobre os nossos destinos mais imediatos:
a) Será possível fugir a um default da nossa dívida soberana? O nível da dívida, as taxas de juro, a contracção da economia (ou o crescimento anémico), a competitividade da economia, permitem, ainda assim, fugir ao incumprimento e preservar o Euro? Como escrevia Luís Campos e Cunha há umas semanas no Público, sair do Euro é recuar 30 anos. Mas será que isso não está já feito e que resta inexoravelmente pagar o respectivo preço?
b) Poderemos "prescindir" de uma moeda macaca? Ou seja, será que a adopção do Euro exige-nos um período de ajustamento duradouro, tipo 1999-2015 ou 1999-2020, com um primeira fase de euforia e endividamento, seguindo-se um progressive landing construtivo, de aproximação ao virtuosismo alemão? João César Neves era citado há dias no jornal i dizendo que a UE já percebeu que tem de estar de olho na gente. Ou seja, a pressão externa já está em marcha para nos pôr duradouramente no bom caminho?

Independentemente de ser sustentável a permanência no Euro, será eficiente fazê-lo? João Ferreira do Amaral defende desde sempre que não. E no fundo acho que era preciso que nós fossemos alemães para a moeda única ser uma escolha eficiente.

domingo, 9 de outubro de 2011

Vermelho

terça-feira, 20 de setembro de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

Falhanço dos mercados

Os valores baixos das taxas de juro gregas - ainda há poucos meses - parece-me um argumento pouco abonatório da eficiência dos mercados financeiros.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Era demasiado abstracto...

As intervenções do FMI em 1977 e 1983 foram necessárias para enfrentar o défice externo, com a penúria de dólares a impedir a execução de pagamentos internacionais. O défice externo deixou de ser um problema premente no pós adesão à CEE em 1986. Primeiramente o investimento externo em Portugal e os fundos de coesão colmatavam o défice das contas correntes; a partir de 1999 a adopção do Euro fez desaparecer a restrição externa, visto que o Euro é emitido pelo BCE e moeda internacional. O combate do défice externo português deixou aparentemente de ser premente - e foi substituído pela restrição das finanças públicas prevista nos critérios de convergência do tratado de Maastricht: o défice anual público não pode exceder 3% do PIB e a dívida pública não pode exceder os 60% do Produto Interno Bruto. Eram restrições demasiado abstractas! Estes limites sempre foram encarados como realidades esdrúxulas, impostas arbitrariamente por "Bruxelas". No entanto o défice anual de 3% poderia ser excessivo para estabilizar o rácio da dívida pública relativamente ao PIB.

A explosão da dívida pública dos últimos anos - estilhaçando a credibilidade do Estado português - colocou-nos novamente num terreno onde imperam as dificuldades e a ausência de liberdade de manobra, como enfrentámos antes da adesão à CEE. "Conseguimos!"

Na década 1999-2009 usámos e abusamos da credibilidade associada ao Euro; a pertença ao clube dos ricos e a promessa da tying hands do Pacto de Estabilidade e Crescimento ("O PEC foi adoptado para evitar que políticas fiscais irresponsáveis tivessem efeitos nocivos sobre o crescimento e a estabilidade macroeconómica dos países da União Europeia, em particular aqueles que adoptaram o Euro como sua moeda" in Wikipedia), foram utilizadas para nos encharcarmos de dívida pública e privada. Não admira que os "mercados" nos tenham tirado o tapete.

Está aberta a época das medidas draconianas para conter os problemas financeiros e fala-se de um governo de salvação nacional PS-PSD-PP: deve ser a solução de governo mais parecida com o salazarismo a que poderemos democraticamente aspirar.

domingo, 27 de março de 2011

O TGV de Sócrates

(...) Como é que podemos pagar juros a 7,5% durante um ano ou dois? Não é possível. É um compromisso para o futuro que nos desgraça completamente. Amanhã temos de pedir emprestado, não é para comer, é para pagar juros.

Jacinto Nunes, "Amanhã temos de pedir emprestado: não é para comer, é para pagar juros", entrevista a Anabela Mota Ribeiro, Jornal de Negócios, 18 de Março de 2011, p. 9.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Obrigações europeias

O economista Jacques Attali defendeu anteontem num talk show da France 2 a emissão de obrigações europeias. Basicamente apresentou dois argumentos. A Zona Euro tem um endividamento conjunto nulo, ao contrário dos EUA ou do Japão, e o endividamento permitiria o financiamento do crescimento económico. Os argumentos soaram fraquinhos e esse "endividamento europeu" aguça o espectro sobre o contribuinte alemão de, no futuro, ter de enfrentar mais impostos ou uma inflação acrescida.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A importância do Estado

A tolerância de ponto concedida à função pública lisboeta esvaziou a cidade. Parece domingo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dúvida económica

Como é que o défice público na Irlanda chegou aos 32% do PIB?

domingo, 9 de maio de 2010

TGV Poceirão-Madrid

O Poceirão já está no mapa!